sábado, 21 de janeiro de 2012

Canoa Quebrada

02.01.2012
Para chegar ao paraíso, basta você descer a escada, atravessar a rua e pular a cerca...

A turista hospedada no hotel questionava o recepcionista se o hotel não fornecia um carro para levá-la até à praia. O rapaz afirmava que não, que o hotel oferecia transporte para o centro da cidade, conhecido como “broadway” mas não para as praias. Ele também expunha que a distância até a praia não ultrapassava trezentos metros mas diante da desilusão da moça, ele respondeu com uma naturalidade belíssima: sabe a piscina? Pois então desça as escadas, atravesse a rua e pule a cerca e estará na praia. A moça olhou para mim como se não acreditasse no que acabava de ouvir. Sentou-se ao meu lado e eu expliquei para ela que estávamos muito próximas do mar, que bastava atravessar a rua e entrar no primeiro atalho que ficava bem em frente ao hotel. Dali chegaríamos à praia e poderíamos ir para a direita ou para a esquerda, qualquer lugar levaria ao paraíso.
Canoa Quebrada é assim: um paraíso no Ceará. Quando a gente chega lá, parece que vamos nos decepcionar: tudo é muito pacato, calmo e simples. As pousadas e hotéis se evidenciam na paisagem e jamais imaginaremos que o que nos encanta ali é um mar sem fim, banhando praias de areias brancas, rosadas ou avermelhadas e onde turistas regionais e de outras regiões brasileiras se mesclam a um batalhão de estrangeiros que sabem que o Brasil possui um dos litorais mais lindos do planeta.
Os idiomas se misturam em todos os lugares mas todos sabem que ali se abriga um paraíso, principalmente hyppie.
Tags: Canoa Quebrada, Ceará

Uma nova chance

É sempre bom ter uma nova chance, em todos os aspectos. Uma nova possibilidade para consertar o que precisava de reparos, um novo capítulo para o livro da vida, uma nova página para o nosso diário. Uma nova chance significa uma possibilidade de voltar ao passado e promover um presente melhor.
Recomeçar insiste em humildade de admitir erros no passado e desejar, se não apagá-los, pelo menos compreendê-los e recorrer a instrumentos de paz e de harmonia. Para recomeçar é preciso haver falhas porque então não teríamos necessidade de reestruturar as relações.
O ano que se passou não foi muito positivo para mim. Perdi amigos, sofri muitos tipos de intrigas, chorei por causa de bullying e outros processos, quebrei o pé e quase o período letivo, mas estou aqui falando de recomeço. Vou recuperar as amizades, vou retornar para a família e para os amigos, vou me desculpar diante de alguns e esperar que outros se aproximem para reatarem os vínculos.
Es tou aqui nesse espaço lindo pensando em como Deus é bom. Jamais pude imaginar lugar tão lindo e que me proporcionasse tempo para refletir sobre a vida, sobre Deus, sobre dons e privilégios e sobre saúde e recuperação.
Nessas praias desertas, deixo meus olhos acompanharem as ondas indo e vindo e me relembrando que, como elas, as coisas vão e vêm, que tudo que vai, um dia retorna, que a avida é feita em camadas.
Creio que ao voltar para Ouro Preto depois de ficar algum tempo nesse paraíso praticamente deserto, vou me sentir melhor e ser mais acessível a todos. A natureza me ofereceu boas lições e foi tudo muito bom.
Colhi algumas conchas azuis e outras púrpuras e champanhe para fazer um enfeite para minha casa e homenagear Iemanjá, fotografei as rosas e as palmas que a deusa devolveu para as areias multicoloridas de Lagoa Quebrada. Se ela devolve presentes, porque não devo eu devolver para o infinito aquilo que eu tentava aceitar só para ser simpática com os outros ou comigo mesma? Nas ondas de minha alma devolvo o que é preciso devolver sem culpa e inicio novos ciclos que tornarão 2012 um dos melhores anos de minha vida. Vou me posgraduar em Letras, me graduar em jornalismo e começar o meu doutorado, além de completar os meus cinquenta anos. Então, desde o primeiro dia deste ano, vou me despir dos preconceitos, das mágoas e das dúvidas.
Bem-vinda Elisabeth aos novos tempos....

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Lindomar e Marlindo

Lindomar e Marlindo são dois homens que nunca se viram, mas possuem alguns atributos em comum. O primeiro pode ser pai ou talvez avó do segundo. Lindomar nasceu nas montanhas de Minas Gerais, na cidade de Ouro Preto, e o segundo na cidade cearense de Aracati, próxima ao distrito de Canoa Quebrada.
Lindomar pode não ter ideia da razão por que possui este nome. Minas Gerais não possui mar, mas os mineiros normalmente sonham com o mar. Há muitos nomes mineiros que se relacionam com oceano entre os quais podemos citar Marinho, Alvimar, Omar. Fico pensando nos pais que optaram por chamar o filho de “Lindomar”, dividido em Lindo mar, com o adjetivo na frente. Sabemos que a precedência do adjetivo nos traz uma percepção subjetiva das coisas. A beleza (ou lindeza) do mar é muito mais importante do que o mar.
Marlindo nasceu em uma cidade onde o mar está presente na vida de todos os moradores e ali de fato, ele, o mar, é lindo. Lindo e imenso. Os pais podem ter aberto a janela e olhado por um momento para o mar e depois para o filho e dali surgida a inspiração: Marlindo, com o adjetivo posposto ao substantivo, o que nos leva a concluir que mais importante é o mar.
Lindomar talvez nunca veja o mar e Marlindo esteja cansado de vê-lo, mas ambos têm a ver com um litoral imenso, presente na vida de alguns e na fantasia na mente de outros.
Pode ser que ambos os personagens jamais pararam para pensar no histórico ou na motivação de seus nomes, mas há poesia, desejo, história na denominação. Lindomar possui um apelido (Lindo), mas Marlindo é chamado pelo nome completo. Cada um vive em seus mundos separados, nas suas mesmas rotinas, nos seus trabalhos, nas suas histórias. Lindomar, ou melhor, o “ Lindo” sobe e desce ladeiras e Marlindo trabalha diante do mar ouvindo a cada minuto um turista exclamando “ que mar lindo”, sem se preocupar.
Esses são alguns dos mistérios da onomástica que permitem que nomes sejam dados a pessoas sem se preocupar como isso vai ser avaliado no futuro, De qualquer forma, parece que ambos são felizes e pouco preocupados com seus próprios nomes. Se nós os chamarmos pelos nomes, eles prontamente nos responderão. Enquanto isso, brasileiros e estrangeiros, diante de nosso litoral, dirão sem se preocupar com a existência dos dois nomes citados: que mar lindo ou que lindo mar!