quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Anos Novos, quantos temos...

O dia em que fomos gerados, aquele dia especial em que nossos pais nos fizeram com ou sem amor.
O dia em que nascemos.
O dia em que conseguimos cada documento novo.
As datas de todas as nossas formaturas...
O dia em que passamos no vestibular.
O dia em que defendemos nossas monografias, teses e dissertações.
O nosso primeiro emprego, primeiro beijo, primeiro ato sexual, primeiro nascimento de filho...
O dia em que conhecemos os nossos melhores amigos.
Tantas datas esquecidas que fazem aniversários...

Anos Novos, quantos temos:

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

meu alfabeto 2


Abacate
Fruta grávida. Mas você me dirá que todas as frutas são grávidas de sementes mas isso no abacate é bastante perceptível. Símbolo materno. Polpa esverdeada rica em óleo e produtos de beleza Fica bem nas saladas, nas guacas moles doces e salgadas, nas vitaminas e nos sorvetes, Se cai na cabeça da gente, a gente perdoa. Macacos adoram e pássaros também. Encontrada em todo o Brasil, em tamanhos e cores variados. Símbolo do que é tropical. As flores de abacate são típicas e tão verdes quanto ele. Em inglês é avocado que me lembra advogado (o deve ser das frutas todas). Minha mãe sempre me conta que nasci com a boca aberta por causa de um desejo contrariado: ela queria comer abacate e não conseguiu durante a gravidez. Então, antes mesmo do leite materno, abacate batizou meu lábios. Deve ser por isso que não abro mão de abacate semiverde em cubinhos misturado com arroz branco.

anúncios funerários - a minha pesquisa de mestrado

Quando comecei a coletar dados para a elaboração de minha pesquisa de mestrado, muitos me cunharam de louca ou de adoradora da morte. Mas agora, quando começo a escrever a dissertação, sonsigo perceber o quanto nós perdemos por considerar os anúncios que fazem parte do corpus de minha dissertação como descartáveis.

Bresciani (2006) organizou a coletânea intitulada "palavras da cidade" e em um prólogo simples deixou que o leitor notasse a importância das placas que nomeiam lugares, de nomes de lugares que aceitamos sem questionar como a praia da quitandeira ou a rua do padre. Toda a história de um lugar tem origem em algo, que pode estar adormecido em arquivos mortos ou mesmo ter sido ignorado o tempo todo. O segundo caso se aplica aos anúncios fúnebres de Ouro Preto e de Mariana, peculiares e absolutamente memoriais. Em um simples impresso funerário descobriremos o nome de alguém e de todos os seus familiares, os apelidos de todos, seu trabalho voluntário. onde trabalhou e onde trabalham seus parentes, onde morava, que profissão possuía e a que irmandade religiosa participava. O status da família também vem implícito no impresso através do uso de pronomes de tratamento. Variáveis linguísticas se apresentam o tempo todo mas até o presente ninguém se atreveu a solicitar as prefeituras locais que se se criassem arquivos compostos desses documentos para futuras pesquisas não só da onomástica mas de traços culturais do lugar.

Em um desses documentos, encontrei uma alusão numérica acompanhando o apelido de um marido que acabava de perder a esposa. Após a missa de sétimo dia, recorri a ele em busca da informação sobre o significado do número que acompanhava o apelido e ouvi uma excelente narrativa: tratava-se de seu registro de trabalho numa antiga empresa mineradora de Ouro Preto na década de20 do século 20. Eis um exemplo da importância dos dados presentes nos anúncios funerários. Devemos nos ater às palavras da cidade, outras como campanhas publicitárias, jargões empresariais, formas de falar, gírias de certos espaços bem como a placas alusivas a eventos ocorridos no passado porque ali podem estar presentes valores altos para a construção de nossa história.

Se toda descoberta nasce da curiosidade, vale a pena pesquisar aquilo que nos intriga ou até mesmo que não nos intriga por ser demasiadamente rotineiro pra nós.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

meu alfabeto: inferências sobre meus discursos - A

A

A representa o início de tudo. É ponto de partida. É a ignição, a propulsão. Atrevo-me a dizer que a letra A é o gatilho, o que põe algo em movimento. Aluno A ou é primeiro da fila ou o melhor nas médias. A equivale à alfa. Na gramática, a é a dificuldade já que pode ser artigo, preposição e pronome pessoal. Ele dá um nó na cabeça da gente. A é o primeiro ponto, o átomo que origina o universo surgido em espirais, transformado em cornucópia. A metaforicamente é um convite para começar alguma coisa, dar o primeiro passo, subir o primeiro degrau. A é um convite para se criarem novas relações: faz par com todas as consoantes.

Eu admitiria o sujeito A como o iniciante e o Z como o que se encontra no topo, embora nossa cultura mostre o contrário: para se chegar ao Z precisa-se ultrapassar todo o alfabeto.

Em inglês , pode ser a letra inicial ou o artigo indefinido um, e seu feminino uma. Perde a sonoridade diante de vogais e para isso precisa receber o adendo de um “n”. Quando a gente descobre tudo isso, a gente se surpreende e usa a onomatopeia: ahh!!!!!