segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

E, de repente, um dia...

Eu ontem adormeci pensando no trabalho árduo e dócil de um jardineiro. Ele cuida das suas plantas o ano inteiro na expectativa de que, num belo dia específico, a flor surja com toda a pompa e beleza...

Sim, é assim que a gente trata os filhos. Desde quando são fecundados até o momento em que uma das partes obrigatoriamente desaparece, os pais vão cuidar dos filhos como jardineiros de uma flor única.

Mas algumas flores são rebeldes e querem desabrochar antes do tempo e querem ser beijadas por pássaros traiçoeiros ou viver uma aventura ao vento que mata ou quebra as pétalas de seda... Colocamos proteção, amarramos os galhos para que não se quebrem, fazemos como diz o ditado popular " das tripas o coração".

Bem, ontem eu ouvi uma flor de minha vida dizendo-me o que eu nunca quis ouvir. O pior é que a gente precisa aceitar e pronto!

Ele simplesmente me disse que todo o trabalho de lapidação da gema nobre valeu nada diante dele. Ele deixou claro que prefere ser minério bruto, erva daninha, tudo que eu fosse contra ele seria a favor. Emudeci como o criador pára diante do que seria a obra-prima, agora percebida com defeito. E chorei porque chorar muitas vezes nos acalma e tira de nós a idéia de que devemos ser a parte que deve partir imediamente para outro plano.

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