sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Uma história de amor

Eles eram um belo casal. Ele era moreno, nem baixo nem alto, cabelos cacheados e olhos mansos. Ela era clara, nem baixa nem alta, mais gorda que ele, cabelos lisos e olhos pretos. Viviam sempre de mãos dadas, um exemplo a ser seguido. Até que...
Chegando em casa após 10 anos de casamento, encontrou as crianças brincando no adro da igreja vizinha. Correu afoito para o lar. Entrou sem bater e encontrou a esposa acompanhada por um conhecido ricardão da região. Ela tentava se desculpar mas não havia o que fazer. Tentava dizer que tinha sido seduzida mas nada curaria aquela dor infinita.
Em nome dos filhos, mantiveram-se juntos. Ela era visto com o amante por todos os vizinhos. Ele se tornou um alcoólatra.
Chegando de São Paulo naquela fria manhã de outubro, vi muita gente em torno da ponte que cruzava o precipício ao lado da mesma igreja onde outrora brincavam as crianças. Lá embaixo, morto, estava o apaixonado marido da mulher adúltera, vítima de si mesmo. O suicídio viera como conseqüência do álcool e do adultério.
Após a viuvez, ela se viu só. O amante perdera a graça já que o relacionamento já não era mais proibido. Buscara outras mulheres honestas em outras praças. Ela se tornara ansiosa, engordara e descuidara dos filhos, entrando na puberdade e adolescência. O câncer chegara em silêncio e ceifara a sua vida.
Com o tempo, os filhos entraram para o mundo das drogas e as moças se entregaram aos namorados, casando-se e descasando-se repetidamente.
Decidi escrever essa crônica agora, quando vejo a mesma ponte em silêncio e cheia de lixo, com as outroras águas límpidas agora totalmente poluídas. Devo plagiar Rita Lee: tudo vira bosta!

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